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Professora de Lingua Portuguesa e Literatura. Encantada e comprometida com a vida.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

(Cena do filme A Missão de Roland Joffé)



Vale a pena rever: pela trilha sonora, pela fotografia, pela brilhante atuação dos atores, pelo trabalho de reconstituição histórica e pela sensibilidade com que Roland Joffé trata um tema tão delicado. O vídeo traz uma pequena amostra de tudo isso. Deleitem-se!!!!!!


Sinopse: No século XVIII, na América do Sul, um violento mercador de escravos indígenas, arrependido pelo assassinato de seu irmão, realiza uma auto-penitência e acaba se convertendo como missionário jesuíta em Sete Povos das Missões, região da América do Sul reivindicada por portugueses e espanhóis, e que será palco das "Guerras Guaraníticas.
Palma de Ouro em Cannes e Oscar de fotografia.

Elenco: Robert de Niro, Jeremy Irons, Lian Neeson.

Trilha Sonora: Ennio Morricone

Contexto Histórico: Ao longo dos séculos XVI e XVII várias missões católicas foram criadas pelos jesuítas na América do Sul. Surgidas no século XIII, com as ordens mendicantes, esse trabalho de evangelização e catequese, desenvolveu-se principalmente nos séculos XV e XVI, no contexto da expansão marítima européia.
Embora tivessem como objetivo a difusão da fé e a conversão dos nativos, as missões acabaram como mais um instrumento do colonialismo, onde em troca do apoio político da Igreja, o Estado se responsabilizava pelo envio e manutenção dos missionários, pela construção de igrejas, além da proteção aos cristãos. Na análise de Darcy Ribeiro em "As Américas e a Civilização", as missões caracterizaram-se como "a tentativa mais bem sucedida da Igreja Católica para cristianizar e assegurar um refúgio às populações indígenas, ameaçadas de absorção ou escravização pelos diversos núcleos de descendentes de povoadores europeus, para organizá-las em novas bases, capazes de garantir sua subsistência e seu progresso".
Durante o século XVIII o movimento missionário enfrentou problemas na América do Sul, em áreas de litígio entre o colonialismo espanhol e português. No sul do Brasil, a população indígena dos Sete Povos das Missões, foi submetida pelo Tratado de Madrid (1750), um dos principais "tratados de limites" assinados por Portugal e Espanha para definir as áreas colonizadas.
Pelo Tratado de Madrid, ficava estabelecida a transferência dos nativos para margem ocidental do rio Uruguai, o que representaria para os guaranis a destruição do trabalho de muitas gerações e a deportação de mais de 30 mil pessoas. A decisão foi tomada em comum acordo entre Portugal, Espanha e a própria Igreja Católica, que enviou emissários para impor a obediência aos nativos. Os jesuítas ficaram numa situação delicadíssima, pois se apoiassem os indígenas seriam considerados rebeldes, e se contrário, perderiam a confiança deles. Alguns permaneceram ao lado da coroa, mas outros, como o padre Lourenço Balda da missão de São Miguel, deram todo apoio aos nativos, organizando a resistência desses índios à ocupação de suas terras e à escravização. Dá-se o nome de "Guerras Guaraníticas" para esse verdadeiro massacre dos nativos e seus amigos jesuítas por soldados de Portugal e Espanha. Apesar da absurda inferioridade militar, a resistência indígena estendeu-se até 1767, graças as táticas desenvolvidas e as lideranças de Sépé Tirayu e Nicolau Languiru.
No final do século XVIII, os índios já tinham sido dispersados, escravizados, ou ainda estavam refugiados, na tentativa de restabelecer a vida tribal, que os caracterizava antes das missões.
(Fonte: http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=107)



Kurosawa, Van Gogh e Beethoven

("Corvos" - Sonhos de Akira Kurosawa)

- Por que não está pintando? Pra mim, esta cena é inacreditável. Uma cena que parece pintura não faz uma pintura. Olhando com atenção, verá que toda a natureza tem a sua beleza. E, quando há essa beleza natural, eu simplesmente me perco nela. Então, como num sonho, a cena se pinta sozinha para mim. Sim, eu consumo este cenário natural. Devoro-o completamente! E então, quando termino, a imagem aparece completa diante de mim. Mas, é tão difícil segurá-la aqui dentro.
- E aí? O que o senhor faz?
- Eu trabalho, me esfalfo, arremeto feito locomotiva!
(Transcrição de um dos diálogos do episódio “Corvos” do filme Sonhos de Akira Kurosawa)