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Professora de Lingua Portuguesa e Literatura. Encantada e comprometida com a vida.

sábado, 13 de setembro de 2008

Visita à Exposição "Emoção art.ficial 4.0" (F.M.)

Bachelor - The Dual Body (Coréia -2003)
(Ki Bong Rhee)

Um Mergulho Sinestésico:
As Tecnologias como Ferramenta a Serviço do Labor Criativo
(Fernanda Moreira)


Escrever sobre a cibercultura e a arte cibernética não me parece uma tarefa simples, principalmente para leigos como eu, que acabo de inaugurar minha cidadania planetária, ou seja, minha ciberexistência. Estou tentando ingressar em um novo mundo – desconhecido e virtual – o que se torna cada vez mais imprescindível a minha interação com o mundo real, e a minha atuação como educadora. Mas aceito o desafio e movida por heróica coragem, arriscarei algumas palavras.
Minha visita à Exposição Emoção art.ficial 4.0 – Emergência! do Espaço Itaú Cultural, no último sábado, suscitou a seguinte reflexão a cerca da produção artística contemporânea: O que o jovem moderno entende por arte, e qual a relação que ele estabelece entre a arte e o mundo virtual criado pela tecnologia?
Motivar os alunos a visitar exposições como essa é uma forma de orientá-los no sentido de entender a tecnologia digital não só como um meio de comunicação nas relações sociais, mas também como uma possibilidade de criação artística e aquisição de conhecimento.
Uma das instalações que mais chamou a minha atenção na exposição liga-se à produção literária. A autora da instalação “Reler”, Raquel Kogan (Brasil – 2008), cria um ambiente desprovido de iluminação, com algumas caixas acústicas conectadas a um computador e uma prateleira montada em uma das paredes, onde encontramos a nossa disposição livros (representados por caixas de madeira) que, ao serem abertos, acessam o arquivo desse computador que executa a obra literária programada para cada um dos volumes. O visitante, na entrada da instalação, encontra uma tela com um arquivo que o orienta na escolha da obra literária. A leitura das obras literárias foi gravada por ilustres representantes do nosso cenário cultural. Dessa forma, a interação do visitante com a literatura passa a ser sonora, e a escuridão do espaço permite uma viagem no espaço e no tempo que o induz a devaneios inimagináveis. Nada como ouvir um texto impregnado da interpretação e emoção de quem sabe apreciar o belo e transformá-lo em algo inédito.
O conceito de “continuum”, que tem origem na teoria da relatividade de Einstein, evidencia-se em todas as instalações da exposição. Ele se realiza no momento em que a criação é atemporalizada e desterritorializada, existindo apenas no presente, e sendo impregnada pelas impressões do tempo e do espaço do visitante, que se transforma em verdadeiro co-autor da obra. Alíás, essa é uma das propostas da 4ª Edição da Bienal Internacional de Arte e Tecnologia: expandir “os conceitos tradicionais de criação e autoria.”
A exposição nos proporciona um mergulho sinestésico em um mundo que funde o real e o virtual – tecnologias, palavras, cores, imagens, sons, texturas... a serviço da emoção e da sensibilidade. A instalação “Bachelor – The Dual Body” de Ki Bong Rhee (Coréia 2003) representa a realização concreta desse mergulho que envolve arte e tecnologia em harmonia absoluta: um livro submerso na água faz delicados movimentos, sem afundar nem emergir. Enfim, a visita à exposição nos faz lembrar, principalmente, a necessidade de ter olhos em uma sociedade que parece enxergar cada vez menos.

Fonte Imagem: www.mais.uol.com.br

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