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Professora de Lingua Portuguesa e Literatura. Encantada e comprometida com a vida.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Texto Sobre a Tela "Mona Lisa" (F.M.)


(Fernanda Moreira)

Monalisa assombrava meus sonhos de menina. O olhar que me perseguia, ora para um lado ora para outro, também seguia os passos de Scooby-Doo, Salsicha e sua turma em suas expedições por castelos mal assombrados. A delação das travessuras infantis viria dali, eu sabia, mesmo que não passasse de um quadro na parede. Era apenas um pintura, mas tinha vida própria, movimentos próprios, vontade própria. Tratava-se de uma implacável e perigosa espiã e eu estava sob sua mira.
Um rosto que se multiplica, faces que se revelam se abrindo a diversas interpretações: Monalisa de Da Vinci é Gioconda, é Madonna de Michelangelo, é Maria de Nazaré, Marylin Monroe de Hollywood, Evita de Perón, Isadora Duncan dos palcos, Olga da revolução, Diadorim de Guimarães Rosa, Capitu de Machado de Assis, Madre Teresa de Calcutá de Deus, Carmem de Bizet, Beatriz de Dante e tantas outras.
Assim diria Bento Santiago, o Dom Casmurro: Monalisa era Monalisa, “uma criatura mui singular, mais mulher do que eu era homem.” “Olhos de ressaca” “Cigana oblíqua e dissimulada”.
Para alguns, sua face revela uma expressão introspectiva, ligeiramente sorridente. Em italiano “gioconda” significa uma mulher alegre. Será mesmo? Para outros, seu sorriso é inocente e convidativo, triste e lascivo. O que estaria por trás desse dúbio sorriso? Segundo Dan Brown em seu best seller O Código da Vinci, Monalisa seria simplesmente o auto-retrato de seu pintor.
O poder e a altivez de Monalisa estão explícitos em sua postura. Uma mulher dominadora e controladora, capaz de manipular a todos porque é onipotente em seu pseudo estado de imobilização. A harmonia total entre a Natureza, no fundo da tela, e a Humanidade que ela representa a aproxima do divino. Daí, muitas vezes, a expressão calma e serena de seus traços. Por fim, tem em seus olhos o dom de prever o futuro tal qual um oráculo: “Decifra-me ou devoro-te”, eis o enigma que ela me propõe.

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