Quem sou eu

Minha foto
Professora de Lingua Portuguesa e Literatura. Encantada e comprometida com a vida.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Meus Livros: Libertinagem

Libertinagem
(Manuel Bandeira)
Nesse seu primeiro livro inteiramente modernista, Manuel Bandeira revela-se seguro no domínio do verso livre e das demais inovações que a Geração de 22 adotou, inspiradas nas vanguardas européias.
Publicado em 1930, Libertinagem de Manuel Bandeira, é um livro de poemas que sintetiza todas as aspirações revolucionárias da fase heróica do modernismo brasileiro, a Geração de 22. A obra reúne 38 poemas (dois dos quais em francês), escritos entre 1924 e 1930. Em sua maioria, nota-se a intenção do poeta de cortar laços com as formas tradicionais, acadêmicas e passadistas. Por esse motivo, é considerado o livro mais vanguardista de Manuel Bandeira e o primeiro totalmente modernista. Nele, pode-se observar um poeta mais seguro em relação à própria liberdade de expressão proposta pelo modernismo.

“Poética”
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço [ao sr. diretor.

Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com cem modelos de [cartas e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare
- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

No poema "Libertinagem", valendo-se da metalinguagem, Bandeira prega uma arte universal que valoriza a expressão poética da palavra. Ao mesmo tempo, como bom modernista, recusa tanto a poesia burocrática, contida no plano formal e sentimental do parnasianismo, quanto a poesia demagógica e debilitada do romantismo.

Nenhum comentário: